domingo, 11 de novembro de 2018

A Viagem sem Retorno





Como milhares de outros vênetos, no ano de 1890 Francesco Piazzetta, viúvo com cinco filhos, em face as difíceis condições de vida na Pederobba de então, com a falta de perspectiva de um futuro digno para os seus filhos, decidiu emigrar para o Brasil.

Esta foi uma das decisões mais difíceis da sua vida pois implicava em uma mudança radical à partir de então. A vida de um emigrante por si só já era muito dura e mais ainda seria para um viúvo com quatro filhos ainda menores de idade. 

De um lado, a difícil travessia do oceano desconhecido, com todos os possíveis perigos durante a longa viagem de mais de trinta dias. Também a falta quase total de conhecimento da terra que os esperava, o deconhecido Brasil, a terra prometida, com as suas decantadas maravilhas. 

De outro lado, porém, a fé e a grande convicção de vencer, de serem livres em um grande país que se acreditava promissor futuro, onde poderiam construir uma nova vida.

Tomada a decisão, Francesco providenciou os bilhetes e os passaportes para a viagem. Colocou a venda os poucos bens que possuia, conseguindo amealhar um pequeno capital que seria empregado na recontrução das suas vidas na nova Pátria. Ao partirem deixaram em Pederobba a filha primogênita e irmã Giovanna Antonia, então já casada com Luigi Viviani, a qual nunca mais voltariam a vê-la.

Assim, no mês de Setembro de 1890, Francesco Piazzetta e os filhos: Giovanni Battista com 19 anos, Colomba Rosa com 14 anos, Noé com 11 anos e Augusta Aurora com 10 anos, deixaram para sempre a sua querida terra natal para nunca mais voltarem. 


Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta


A Chegada na Nova Terra




De trem desde Pederobba foram até a cidade de Genova onde embarcaram no navio Adria com destino à América, como então era conhecido o Brasil. Depois de mais de trinta dias de viagem de navio para atravessar o Oceano Atlântico, finalmente chegaram na cidade do Rio de Janeiro, a capital federal do Brasil, no dia 30 de Dezembro de 1890. 



Como de praxe na época, foram primeiramente instalados em alojamentos para emigrantes na Ilha das Flores, para cumprirem o período obrigatório de quarentena. Não tenho documentos que comprovem a passagem deles por essas instalações. Porém tendo em vista o tempo decorrido entre o desembarque no porto do Rio de Janeiro e a chegada em Paranaguá podemos depreender essa estada.


Navio Rio Negro 


Assim, após os quarenta dias embarcaram no vapor RIO NEGRO com destino ao Porto de Paranaguá, destino final desta viagem e aonde chegaram no dia 14 de Outubro de 1890. 


Não encontramos de relatos que eles tenham sido destinados a alguma colônia de emigrantes. Mas, provavelmente isso pode ter contecido por um breve espaço de tempo e depois saíram.

Em Paranaguá, parece que Francesco Piazzetta, hábil artesão, tenha exercido a secular atividade de família, trabalhando a madeira na construção de portas, janelas, assoalhos, forros e móveis entalhados. Também os filhos foram iniciados na mesma atividade. Esse ofício também exerceram mais tarde quando já morando em Curitiba.

Com a conclusão da estrada de ferro Paranaguá—Curitiba, Francesco Piazzetta com os seus filhos se transferiram para a cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná, situada em um altiplano, a 990 metros sobre o nível do mar, onde as condições climáticas são muito semelhantes a aquelas da cidade natal no Vêneto.

Estabeleceram moradia na Colônia Dantas, mais tarde  Água Verde, hoje um importante bairro daquela capital, o qual inicialmente pertencia à paróquia de Santa Felicidade, e onde já era muito grande, como ainda hoje, a presença de vênetos e seus descendentes.



Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
luizcpiazzetta@gmail.com


Os Filhos de Francesco Piazzetta e Maria A. Segusino Verri


Frazione Pederobba do Comune de Pederobba


Giovanna Antonia a Giovanella

Giovanna Antonia Piazzetta com o filho, a nora e os netos



Giovanna Antonia Piazzetta, era conhecida também pelo apelido de  "Giovannella", nasceu em 20.03.1867 na contrada Ghetto, em Pederobba. Em 1888 ela casou com Luigi Viviani e tiveram dois filhos: Luigi e Angelo Viviani. Toda a família emigrou  para a França e depois retornaram para Pederobba. 



Em Outubro de 2002, em uma das minhas visitas à  Pederobba, conheci o Sr. Giovanni Viviani, um dos netos de Giovanna Piazzetta Viviani, já com uma idade avançada. 



Giovanni Viviani




Em 01 de Novembro de 2006 visitei novamente o Giovanni Viviani em sua casa no centro de Pederobba. Na ocasião ele estava com 84 anos de idade e veio a falecer algum tempo depois. 
Nesta foto abaixo ele está posando junto a uma foto emoldurada do seu bisavô Francesco Piazzetta que retirou da parede. Essa foto não deixou nenhuma dúvida da autenticidade do parentesco. 






Luiz Carlos B. Piazzetta